O CÍRCULO HERMENÊUTICO DE PAUL RICŒUR COMO MEDIAÇÃO NARRATIVA DA EXPERIÊNCIA
DOI:
https://doi.org/10.13102/ideac.v1i46.7872Resumo
Este trabalho pretende sumarizar as múltiplas mediações da experiência no pensamento de Paul Ricœur, tendo como diretriz sua noção de círculo hermenêutico como encadeamento dos três momentos miméticos ― mímesis I, mímesis II e mímesis III ―, a fim de fazer frente às noções de compreensão de si em que o ego é conhecido diretamente pelos sujeitos por introspecção. Distintamente de filósofos de filiação fenomenológica, tais como Edmund Husserl, para quem o ego transcendental pode ser encontrado mediante a realização da epoché, ou Jean-Paul Sartre, para quem o ego é um objeto transcendente de uma consciência impessoal mais primitiva que chamou de consciência pré-reflexiva, para Ricœur, entretanto, o ego não pode ser plenamente alcançado reflexivamente, senão por um movimento hermenêutico mais extenso que passa pela interpretação de diversas camadas simbólicas e culturais.
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